"Borderline é um termo em inglês que quer dizer fronteiriço, limítrofe, e que denomina o transtorno de pessoas que vivem exatamente assim: no limite de suas emoções" - Ana Beatriz Barbosa Silva, médica pós-graduada em psiquiatria e escritora.

17 de novembro de 2013

O CORPO E SEUS SÍMBOLOS – uma antropologia essencial – Jean-Yves Leloup / org. Lise Mary Alves de Lima19ª ed. Petrópolis RJ: Ed Vozes, 2011.

Jean-Yves Leloup é sacerdote hesicasta, teólogo, filósofo, Phd em psicologia, fundador do Colégio Internacional dos Terapeutas, conferencista e escritor conhecido mundialmente. Possui dezenas de publicações na área da espiritualidade e da exegese, dentre as quais Judas e Jesus, Jesus e Maria Madalena e os comentários aos evangelhos apócrifos de Maria, Tomé e Felipe.

O corpo e seus símbolos – uma antropologia essencial – é um livro fiel ao Seminário com o mesmo título, numa tradução de Regina Fittipalde, da Unipaz, onde o autor dentro da visão trinitária: somática, psíquica e espiritual percorre o universo do corpo dos pés à cabeça revelando a inteireza do templo carnal humano.

O autor parte do princípio de que o corpo humano é a memória mais arcaica do vivente. Nele nada passa despercebido ou é esquecido. A cada acontecimento vivido, particularmente, na primeira-infância, bem como na vida adulta, deixa nele sua marca indelével. Toma como referência a Bíblia, os costumes de judaicos, chineses e hindus e os Terapeutas de Alexandria, que na sua origem não eram médicos, e sim, membros de uma Escola Judaica que existia antes e durante a presença de Jesus neste Planeta. Espalhados por várias regiões do mundo, com maior expressividade no Egito, na cidade de Alexandria, cujo propósito era o de ‘cuidar do ser’. Afirmavam: enquanto os médicos cuidam do corpo, os Terapeutas de Alexandria cuidam também do psiquismo responsáveis por doenças penosas e difíceis como o apego ao prazer, à desorientação do desejo, tristeza, fobias, inveja, ignorância, desajustamento responsável por uma série de outras patologias e sofrimentos, abordando o homem em sua inteireza: corpo, psique e espírito. Estudar o corpo humano em cada uma de suas partes do ponto de vista físico, psicológico e espiritual.

O autor começa sua análise pelos pés indo até a cabeça, onde ao enfocar os tornozelos propõe uma releitura menos Freudiana e mais Junguiana e transpessoal do mito de Édipo, referenciando-se a mitólogos e etnólogos, dentre eles Lévi-Strauss, alegando ‘que este mito não funciona da mesma maneira em todas as culturas e há outros modos de interpretá-lo’. Quando aborda o ventre assevera que ‘ter ventre é ter centro’ e exemplifica referenciando a esculturas romanas, Cristo, Virgens Romanas, Buda, Lão Tse. Todos com ventres proeminentes. Uma observação em relação à coluna vertebral: ‘não se pode mentir com a coluna vertebral ereta. Na presença da mentira ela sempre se inclinará para o lado, e outras interessantes análises.

Se não podemos mudar nossa natureza, que ao menos a oriente.

Ao final de cada capítulo perguntas sobre o texto respondido de maneira pedagógica pelo autor.

Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

13 de novembro de 2013

SENSIBILIDADE À FLOR DA PELE – entendendo o Transtorno Borderline / Helena Polak: Clube de Autores. 2013.

Helena Polak é professora e tradutora, moradora nos arredores de Belo Horizonte MG, curtindo a família, os amigos, as leituras, o trabalho, a natureza e após deparar-se com um familiar com comportamentos ‘inesperados e preocupantes’ saiu em busca de uma explicação para o fato. Pesquisou, estudou, consultou profissionais da área de saúde mental até que foi constatado o Transtorno de Personalidade Borderline (limítrofe). Diante da eficácia de abordagens específicas resolveu compartilhar através do livro ‘esclarecimentos iniciais sobre diversos aspectos de um transtorno pouco conhecido ainda pelo público em geral, porém, bastante comum’, oferecendo experiência de como conviver com um ‘border’ – indivíduo acometido pelo transtorno. Agrega ao livro comentários de pessoas com características borderline e depoimentos de pessoas de covivência comum com os mesmos. O livro foi editado pelo Clube de Autores, podendo ser adquirido na versão impressa ou eletrônica pelo site www.clubedeautores.com.br.

1 – Por que distorce os fatos?
2 – Como pode ter uma memória tão seletiva?
3 – Por que fica tão transtornada quando acha que alguém está desconfiando dela?
4 – Por que fica descontrolada com uma pequena mudança de planos?
5 – Por que às vezes dá ‘patadas’ quando alguém faz um comentário com as melhores intenções?
6 – Por que varia de humor de uma hora para outra?
7 – Por que me acusa de coisas injustamente?
8 – Por que me ataca e me xinga sem motivo aparente?
9 – Por que às vezes tenho a impressão de que ela não dá a mínima para os meus sentimentos?
10 – Como pode me prejudicar em termos financeiros e profissionais sem demonstrar remorso?
11 – Por que tantas vezes me sinto manipulado e encurralado?
12 – Como é que ela consegue ser tão convincente em suas declarações – mesmo incorretas – perante os outros?

Para a autora, são perguntas que se já passaram por sua cabeça, é possível que você esteja diante de uma pessoa com Transtorno de Personalidade Limítrofe (Borderline). Em caso de positividade, a mesma deve ser ‘contemplada, avaliada e/ou confirmada por um profissional da área de saúde mental’, no entendimento da autora, ‘única pessoa com competência para diagnosticar e fazer o tratamento e acompanhamento terapêutico’ de um border. Entretanto, continua a autora, ‘a participação positiva dos que amam a pessoa assim diagnosticada é de suma importância, razão pela qual são oferecidas as informações e dicas aqui contidas’ (no livro).

Sensibilidade à flor da pele – entendendo o Transtorno Borderline – um livro escrito por uma autora não acadêmica ou profissional da área de saúde mental torna-se leitura obrigatória àqueles que convivem com indivíduos portadores do Transtorno. Mais do que alusivo a pesquisas, estudos, consultas - Helena Polak traz uma vivência com um ‘border’.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)