Jean-Yves Leloup é sacerdote hesicasta,
teólogo, filósofo, Phd em psicologia, fundador do Colégio Internacional dos
Terapeutas, conferencista e escritor conhecido mundialmente. Possui dezenas de
publicações na área da espiritualidade e da exegese, dentre as quais Judas e Jesus, Jesus e Maria Madalena e
os comentários aos evangelhos apócrifos de Maria,
Tomé e Felipe.
O corpo e seus símbolos – uma
antropologia essencial – é um livro fiel ao Seminário com o mesmo título, numa
tradução de Regina Fittipalde, da Unipaz, onde o autor dentro da visão
trinitária: somática, psíquica e espiritual percorre o universo do corpo dos
pés à cabeça revelando a inteireza do templo carnal humano.
O autor parte do princípio de que
o corpo humano é a memória mais arcaica do vivente. Nele nada passa despercebido
ou é esquecido. A cada acontecimento vivido, particularmente, na
primeira-infância, bem como na vida adulta, deixa nele sua marca indelével.
Toma como referência a Bíblia, os costumes de judaicos, chineses e hindus e os
Terapeutas de Alexandria, que na sua origem não eram médicos, e sim, membros de
uma Escola Judaica que existia antes e durante a presença de Jesus neste
Planeta. Espalhados por várias regiões do mundo, com maior expressividade no
Egito, na cidade de Alexandria, cujo propósito era o de ‘cuidar do ser’. Afirmavam:
enquanto os médicos cuidam do corpo, os Terapeutas de Alexandria cuidam também
do psiquismo responsáveis por doenças penosas e difíceis como o apego ao
prazer, à desorientação do desejo, tristeza, fobias, inveja, ignorância,
desajustamento responsável por uma série de outras patologias e sofrimentos,
abordando o homem em sua inteireza: corpo, psique e espírito. Estudar o corpo
humano em cada uma de suas partes do ponto de vista físico, psicológico e
espiritual.
O autor começa sua análise pelos
pés indo até a cabeça, onde ao enfocar os tornozelos propõe uma releitura menos
Freudiana e mais Junguiana e transpessoal do mito de Édipo, referenciando-se a
mitólogos e etnólogos, dentre eles Lévi-Strauss, alegando ‘que este mito não
funciona da mesma maneira em todas as culturas e há outros modos de
interpretá-lo’. Quando aborda o ventre assevera que ‘ter ventre é ter centro’ e
exemplifica referenciando a esculturas romanas, Cristo, Virgens Romanas, Buda,
Lão Tse. Todos com ventres proeminentes. Uma observação em relação à coluna
vertebral: ‘não se pode mentir com a coluna vertebral ereta. Na presença da
mentira ela sempre se inclinará para o lado, e outras interessantes análises.
Se não podemos mudar nossa
natureza, que ao menos a oriente.
Ao final de cada capítulo perguntas
sobre o texto respondido de maneira pedagógica pelo autor.
Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)
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