"Borderline é um termo em inglês que quer dizer fronteiriço, limítrofe, e que denomina o transtorno de pessoas que vivem exatamente assim: no limite de suas emoções" - Ana Beatriz Barbosa Silva, médica pós-graduada em psiquiatria e escritora.

2 de dezembro de 2013

UMA MENTE INQUIETA, Kay Redfield Jamison : tradução de Waldeia Barcelos. – 2ª edição. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes. 2009.

‘Um extraordinário relato sobre a doença maníaco-depressiva. Belo. Humano e rico em informações médicas. Às vezes poético outras vezes direto, sempre despudoradamente honesto’. (The New York Times Book Review)

Psicose Maníaca Depressiva atualmente conhecida como Transtorno Bipolar é uma desordem cerebral que provoca alterações incomuns no humor, energia e capacidade de desempenhar funções. Um indivíduo com Transtorno Bipolar sofre alterações de humor desde a mania (euforia) até a depressão (tristeza, baixo estima e baixa autoestima). Durante a fase de mania aparece como sintomas: sentir-se como no topo do mundo, abundância de energia, falar e pensar rapidamente, expor numerosas ideias, pensar que é invencível, ter comportamentos imprudentes e perigosos para si e para os outros, ter delírios de fama, acreditar que tem relacionamento especial com alguém famoso, sofrer falta de sono, ser facilmente distraído e frequentemente irritável. Por outro lado, durante a fase depressiva: sentimento de falta de esperança, perda de interesse em outras pessoas e atividades usuais, sofrer flutuação de peso, sensação de cansaço contínuo, dormir mais que o normal ou ser vítima da insônia, queixa de dores inexplicáveis, problemas de concentração e risco de suicídio. Sobre as causas são relacionadas: a hereditariedade, alterações químicas cerebrais e o estresse. No caso do transtorno bipolar não se trata apenas de mudanças de humor durante o dia, mas sim alternâncias de fases entre mania e depressão que podem durar dias, semanas e meses. Envolve uso de álcool e outras drogas. Podem incluir sintomas psicóticos como alucinações (escutar, ver e sentir coisas que não estão ali) e delírios (falsas crenças mantidas com grande convicção). O tratamento normalmente associa o medicamentoso com psicossocial cujo sucesso quase sempre está relacionado à sua continuidade.

Uma mente inquieta é um livro único. Traz a experiência de uma profissional da saúde, Kay Redfield Jamison – professora associada de psiquiatria da ‘The Johns Hopkins University of Medicine’. Coautora com o doutor Frederick K. Godwin de um dos melhores textos de transtornos afetivos. O livro ‘Uma mente Inquieta’ tornou-se literatura indispensável aos profissionais da saúde relacionados e pacientes portadores do Transtorno Bipolar. Cientista dedicada à pesquisa e ao tratamento de uma doença em que convive como paciente, chegando ao sucesso profissional conquistando respeitabilidade mundial enfrentando os preconceitos, dificuldades, alegrias e tristezas no seu caminhar no tempo e no espaço.

Uma mente inquieta é um testemunho-biográfico corajoso de uma psicóloga clinica, de leitura que prende o leitor de seu inicio ao fim. Um livro para ser lido numa sentada só.

Eu não gostaria de voltar a passar por uma depressão prolongada. Ela exaure os relacionamentos através da suspeita, da falta de confiança e de amor-próprio, da incapacidade de aproveitar a vida, de caminhar, conversar ou raciocinar normalmente, da exaustão, dos terrores noturnos, dos terrores diurnos. Não há nada de bom que se possa dizer da depressão, a não ser que ela nos dá a experiência de como deve será velhice, ser velho e doente, estar à morte; ter a mente lerda. Não ter elegância, educação ou coordenação; ser feio; não acreditar nas possibilidades da vida, nos prazeres do sexo, na perfeição da música ou na capacidade de provocar riso em nós mesmos e nos outros’. (Uma mente inquieta, p. 259/260).


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário