"Borderline é um termo em inglês que quer dizer fronteiriço, limítrofe, e que denomina o transtorno de pessoas que vivem exatamente assim: no limite de suas emoções" - Ana Beatriz Barbosa Silva, médica pós-graduada em psiquiatria e escritora.

5 de outubro de 2013

Conexões

05/10/2013 – Ao abrir o computador e buscar uma conexão com a internet, uma mensagem de suspensão temporária dos serviços. Isto foi o bastante para a explosão. Nem mesmo havia aberto minha biblioteca onde passo em média de oito horas por dia, muito menos feito minha prece. Se você perguntar se creio, responderei com toda sinceridade d’alma - não sei. O que sei é que a prático todas as manhãs. Vou até a cozinha e tomo um café. Dirijo-me à biblioteca. Ligo o meu companheiro de leitura, um rádio adquirido nesses ‘camelódromos’ da vida, by in Paraguay (gosto da grafia com ‘y’) que através de uma entrada para pendrive me possibilita a sonoridade de belas páginas musicais. O piano de Pierre Jancovic inicia o contraponto entre as notas mais agudas e as mais graves, característica desse virtuose. Vou a estante, e, numa seção específica, puxo um livro, coloco-o sobre a mesa, faço a oração e o abro aleatoriamente. A lição, vamos assim referir ao texto, possui o seguinte título: MALES PEQUENINOS, assinado por Albino Teixeira.


Uma observação: um escrito a mão utilizando-se uma caneta tinteira no espaço acima do título descendo pela margem lateral direita da página chama a atenção. Logo reconheço, a grafia é minha.



17/02/2004 – Me encontro num desconsolo único. Parece-me que quanto mais busco a Deus, tanto mais lhe rogo através de minhas preces – aliás, diárias - mais a obsessão toma conta de mim. Irado, encolerizado vou destruindo tudo pela frente. Estou com uma ideia fixa de que viver não vale a pena. Encontro-me só. Não mais conto com uma viva alma para amparar-me. Tenho receio de... Mas esta lição me traz algo de luz. Vamos vê-la, senti-la e assim crê-la. Nem mesmo as ‘Ave Maria’ de Gounod, Somma, Schubert me emocionam mais. Meu Deus, que será de mim!... (00h40min).

MALES PEQUENINOS

Guardemos cuidado para com a importância dos males aparentemente pequeninos.
Não é o aguaceiro que arrasa a árvore benemérita. É a praga quase imperceptível que se lhe oculta no cerne.
Não é a selvageria da mata que dificulta mais intensamente o avanço do pioneiro. É a pedra no calçado ou o calo no pé.
Não é a cerração que desorienta o viajor, ante as veredas que se bifurcam. É a falta da bússola.
Não é a mordedura do réptil que extermina a existência  de um homem. É a diminuta dose de veneno que ele segrega.
Assim, na vida comum.
Na maioria das circunstâncias não são as grandes provações que aniquilam a criatura e sim os males supostamente pequeninos, dos quais, muita vez, ela própria escarnece, a se expressarem por ódio, angústia, medo e cólera, que se lhe instalam, sorrateiramente, por dentro do coração.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

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