05/10/2013 – Ao abrir o
computador e buscar uma conexão com a internet, uma mensagem de suspensão temporária dos serviços. Isto foi o bastante para
a explosão. Nem mesmo havia aberto minha biblioteca onde passo em média de oito horas por dia, muito menos feito minha prece. Se você perguntar se creio, responderei
com toda sinceridade d’alma - não sei. O que sei é que a prático todas as
manhãs. Vou até a cozinha e tomo um café. Dirijo-me à biblioteca. Ligo o meu
companheiro de leitura, um rádio adquirido nesses ‘camelódromos’ da vida, by in Paraguay (gosto da grafia com ‘y’) que através de uma entrada para pendrive me possibilita a sonoridade de
belas páginas musicais. O piano de Pierre Jancovic inicia o contraponto entre
as notas mais agudas e as mais graves, característica desse virtuose. Vou a
estante, e, numa seção específica, puxo um livro, coloco-o sobre a mesa, faço a
oração e o abro aleatoriamente. A lição, vamos assim referir ao texto, possui o
seguinte título: MALES PEQUENINOS, assinado por Albino Teixeira.
Uma observação: um escrito
a mão utilizando-se uma caneta tinteira no espaço acima do título descendo
pela margem lateral direita da página chama a atenção. Logo reconheço, a grafia é minha.
17/02/2004 – Me
encontro num desconsolo único. Parece-me que quanto mais busco a Deus, tanto
mais lhe rogo através de minhas preces – aliás, diárias - mais a obsessão toma
conta de mim. Irado, encolerizado vou destruindo tudo pela frente. Estou com
uma ideia fixa de que viver não vale a pena. Encontro-me só. Não mais conto com
uma viva alma para amparar-me. Tenho receio de... Mas esta lição me traz algo
de luz. Vamos vê-la, senti-la e assim crê-la. Nem mesmo as ‘Ave Maria’ de
Gounod, Somma, Schubert me emocionam mais. Meu Deus, que será de mim!...
(00h40min).
MALES PEQUENINOS
Guardemos cuidado para com a
importância dos males aparentemente pequeninos.
Não é o aguaceiro que arrasa a
árvore benemérita. É a praga quase imperceptível que se lhe oculta no cerne.
Não é a selvageria da mata que
dificulta mais intensamente o avanço do pioneiro. É a pedra no calçado ou o
calo no pé.
Não é a cerração que
desorienta o viajor, ante as veredas que se bifurcam. É a falta da bússola.
Não é a mordedura do réptil
que extermina a existência de um homem.
É a diminuta dose de veneno que ele segrega.
Assim, na vida comum.
Na maioria
das circunstâncias não são as grandes provações que aniquilam a criatura e sim
os males supostamente pequeninos, dos quais, muita vez, ela própria escarnece,
a se expressarem por ódio, angústia, medo e cólera, que se lhe instalam,
sorrateiramente, por dentro do coração.
Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário